Até pouco tempo, colocar próteses de silicone era o desejo de muitas mulheres. Tanto é que a mamoplastia de aumento é considerada uma das cirurgias plásticas mais realizadas no Brasil e no mundo.  Entretanto, o que se está vendo atualmente é o movimento inverso. O explante de silicone (retirada total das próteses) tem sido opção de pacientes por inúmeros motivos, desde questões pessoais ou preferências, a questões de saúde.

Entre as razões pessoais do interesse pelo explante de silicone está o arrependimento posterior ao implante, devido ao tamanho escolhido, ou ainda, a tendência de moda ditada pelas mídias sociais. Há também o fato de simplesmente algumas decidirem que não querem mais os seios fartos pela inserção de próteses e preferirem formas mais naturais para as mamas, o que vai ao encontro dos questionamentos sobre os padrões de beleza ditados pela sociedade.

Já os motivos que envolvem a saúde feminina são os mais preocupantes. Ainda que raro, a inserção de próteses de silicone nem sempre traz o resultado esperado pelas mulheres. Algumas, por exemplo, sentem dores ou endurecimento das mamas. Outras dizem sentir sintomas como dor muscular,  de cabeça, queda de cabelo, fadiga, perda de peso, etc. Esses sinais despertaram a curiosidade científica. Já há estudos que os consideram parte da Síndrome Asia (Autoimmune  Syndrome Induced by Adjuvants) ou, como conhecida popularmente, “Doença do Silicone”. Nesses casos, o explante de silicone é considerado como alternativa de proteção. 

Doença do Silicone e ASIA  São Patologias Iguais?

As Sociedades Brasileiras de Reumatologia (SBR), alertam que Doença do Silicone e Síndrome ASIA não são patologias iguais. Os estudos são recentes e necessitam de comprovação científica, até porque, não há critérios diagnósticos aceitos mundialmente para a ASIA provocada por implante de silicone, nem mesmo exames que possam comprová-la. A OMS (Organização Mundial de Saúde) ainda não reconhece esse termo como uma doença real.  

ASIA é uma síndrome autoimune/inflamatória induzida por adjuvante que podem ser diferentes substâncias as quais estimulam a resposta imunológica. O silicone das próteses mamárias tem sido apontado como gatilho para o desenvolvimento de resposta inflamatória ou autoimune em pessoas com predisposição genética. Entre as queixas estão as dores articulares e musculares, a boca e o olho secos, a fadiga e algumas manifestações neurológicas.

O que, então, é “doença do silicone” ? Esse é um termo que deriva do inglês “breast implant illness”. Ele é utilizado pelas próprias pacientes para definir um conjunto de sintomas que associam à prótese de silicone como fadiga, depressão, mal funcionamento intestinal, dores articulares etc. Tal doença ainda não está descrita na literatura médica e nem mesmo é reconhecida por órgãos como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e pelas Sociedades Brasileiras de Reumatologia (SBR).

Entretanto, vale destacar que nem sempre os sintomas estão vinculados à ASIA. Podem estar associados ao silicone que extravasou do implante, sem que este apresentasse ruptura (“bleeding”). Ou também, porque se formou uma cápsula ao redor da prótese, o que provocou endurecimento, deformação e dor. Aqui, o explante de silicone é feito por  razões como desconforto da paciente ou até mesmo como forma de prevenção.

Como é Realizada a Cirurgia de Explante de Silicone?

Independente dos motivos pelos quais o explante de silicone será realizado, sempre é importante considerar que este também é uma cirurgia e, por isso, merece os mesmos cuidados. 

Após consulta com o cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e durante a fase pré-operatória, são realizados diversos exames para uma avaliação completa da paciente. Em geral são os de sangue,  cardiológicos, radiológicos e os de imagens como ressonância, ultrassonografia e mamografia.

A cirurgia de explante de silicone dura em torno de 90 minutos. O tempo também dependerá se nova prótese será colocada no mesmo lugar ou se haverá outro procedimento cirúrgico associado. A anestesia poderá ser local, condutiva ou geral.Em geral, o procedimento é tranquilo e rápido.

No que se refere à cicatriz, normalmente, é feita uma nova para facilitar o acesso às próteses. Essa questão será esclarecida durante a consulta. Por ser um tipo de procedimento ambulatorial, a paciente poderá ser liberada algum tempo após o fim da cirurgia. Logicamente, se for apenas a realização do explante de silicone.

Outra questão a ser considerada após a remoção das próteses de silicone é a necessidade de adaptação dos tecidos da mama para tratar a possível flacidez e o excesso de pele decorrentes do volume anterior das mamas quando com os implantes. Entre as opções estão o enxerto de gordura (lipoenxertia) e a mastopexia.

A recuperação , no pós-operatório do explante de silicone, é semelhante ao da cirurgia de mamoplastia de redução. Costuma ser tranquilo, se a paciente seguir as recomendações médicas. Entre os cuidados durante essa fase estão: evitar movimentos amplos com os braços, ingerir as medicações prescritas, repousar, alimentar-se bem e fazer acompanhamento de acordo com indicação médica. As atividades físicas poderão ser retomadas após 30 dias.

Importante destacar que o fato de algumas mulheres decidirem retirar as próteses de silicone, seja por estética ou por saúde, não invalida a procura pela mamoplastia de aumento. A Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês) aponta que houve uma alta significativa na procura pelos procedimentos estéticos cirúrgicos, algo em torno de 30% em 2020. No mesmo estudo, a mamoplastia de aumento continuou sendo a cirurgia mais procurada em 2019.